11 fevereiro 2009

Dancing with the Devil in the City of God


EM BREVE!


Uma equipe de filmagem
estrangeira acompanha uma
operação da Polícia Civil em
uma violenta favela do Rio
de Janeiro. Durante a troca
de tiros um policial é morto.
O efeito nos colegas é devastador
e um deles, chorando,
é consolado pelo diretor das
gravações. A cena aconteceu
durante as filmagens do documentário
‘Dancing with
the Devil in the City of God’
(Dançando com o Diabo na
Cidade de Deus), do premiado
diretor sul-africano Jon
Blair, que espera distribuidora
no Brasil para lançá-lo.
O longa acompanha o
dia-a-dia de um policial civil,
um traficante considerado
um dos mais perigosos
na cidade e um pastor evangélico
que tenta resgatar almas
do tráfico, convertendoos
à igreja, sendo ele mesmo
umex-bandido.
“Pode-se dizer que o filme
é uma mistura de ‘Cidade de
Deus’ com ‘Tropa de Elite’,
só que é tudo real”, disse Jon
Blair aODIA. “É a primeira
vez que você temtraficantes
que aceitam mostrar as
casas, as vidas, falando abertamente,
mostrando o rosto”,
afirma o produtor do filme,
o jornalista inglês Tom
Phillips, que vive no Brasil
há cinco anos.
Até conseguir conquistar
a confiança dos bandidos,
eles passaram quase dois
anos acompanhando o trabalho
do pastor na favela. “Não
é um filme que você possa
chegar e dizer ‘Oi, gente,
queremos filmar aqui, tudo
bem?’”, brinca Blair.
Mesmo tendo conseguido
se aproximar tanto de bandidos
como da polícia, a equipe
viveu momentos de tensão.
“Uma semana antes de
começar a rodar, eu estava
com o pastor fazendo a préprodução
e começou um tiroteio.
Tive queme esconder
embaixo de uma mesa de sinuca”,
lembra Tom.
A equipe também ficou
impressionada porque eles
próprios estavam com equipamento
de proteçãomelhores
que o da polícia nas operações.
“Eu tenho filhos e jamais
entraria ali do jeito que
eles fazem”, avalia Blair,
com a experiência de quem
já trabalhou como correspondente
de guerra.
Diante do risco de serem
criticados por dar voz a traficantes,
eles se defendem. “Se
você não fala com eles, não
temdiálogo . Como vai resolver
o problema?”, argumenta
Tom. “Nessas comunidades,
longe da Zona Sul, não
temONG, projeto social”, observa
ele. “Mesmo os policiais
do filme falam que só
matar não resolve”, diz.
(Kamille Viola)

kamille.viola@odianet.com.br

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