20 julho 2010

Na contramão da contramão. Antes que metam a mão!

Acho que não tem nada de errado em querer “puxar a sardinha pro seu próprio lado” se você não estiver ferindo outras pessoas ao puxar sua sardinha. To dizendo isso pelo seguinte: 99% das matérias que lemos em jornais, tem sim opiniões parciais por trás de suas linhas. Se o ser humano é parcial ou imparcial por natureza, é um assunto para antropólogos e para a galera na mesa do bar, e você deve ter suas próprias conclusões sobre isso. O problema é que a maioria (não generalizemos) dos jornais e jornalistas se agarra ao discurso da IMPARCIALIDADE como elemento fundamental e indispensável da imprensa, quando na prática a parcialidade bota a cara quase sempre.

Ontem, o jornal de maior circulação do Rio publicou a seguinte notícia:

“O Brasil na contramão do mundo. Produção no pré-sal do Espírito Santo começa, EUA e Europa limitam projetos.”

Ora, sabemos muito bem que a “contramão” à que o jornal se refere depende exclusivamente do ponto de vista de onde observamos o fato do Brasil começar a explorar petróleo no pré-sal. Após o início do vazamento de um poço de petróleo da empresa inglesa Britsh Petroleum no Golfo do México, um dos maiores acidentes ambientais da história do planeta e que ainda não foi resolvido, EUA e Europa apontam para “restrições à exploração do petróleo no mar”. A merda foi tão grande, tem tanto óleo nas praias do golfo do México e tanta gaivota morrendo mais preta que urubu, que os países ditos “desenvolvidos” resolveram cair em cima desse lance de tirar petróleo do mar. Porém, é óbvio que as restrições vão ser aplicadas às suas áreas costeiras. A British Petroleum da Inglaterra, a Shell da Holanda, a Texaco dos EUA, a Total da França e outros gigantes mundiais do petróleo não vão parar de explorar em mares dos países ditos “em desenvolvimento”. Lá (aqui) tá liberado. Se der merda, é a praia “dos outros” que vai ficar cagada. Estas empresas continuarão explorando e lucrando com os recursos dos historicamente mais pobres, custe o absurdo ambiental que custar.

Portanto, o Brasil não está “na contramão do mundo”, e fica evidente a parcialidade da reportagem ao tentar influenciar a opinião pública em época eleitoral.

Digo mais, o planeta todo está na contramão da vida.
Pois ainda mantemos a mesma matriz energética absurdamente poluente embora a gente já saiba que é ela a maior responsável pelo processo de destruição das condições de vida na terra. Mantemos os mesmos hábitos sociais auto-destrutivos tão aclamados pelo “americam way of life”.

Petróleo, Carvão e todos os combustíveis fósseis aceleram cada vez mais o aquecimento global. Mas os governos mundiais, liderados pelos países “desenvolvidos” não pensam em e não podem mudar a matriz energética de uma hora para outra. E os interesses financeiros? Imagine você quantos milhões de desempregados se a Petrobras deixasse de existir.

Chegamos a outra constatação. Quem governa é o dinheiro, não o governos.
Em última instância, o que determina os nossos passos em sociedade é a questão financeira. Sei que isso parece meio absurdo e pessimista, e por isso alimenta ainda mais a minha fé de que é um estágio momentâneo de ignorância da humanidade. Nesse sentido, não estamos em contramão nenhuma. Não será assim pra sempre. Ainda são a vantagem financeira, a grana e os interesses individuais que nos norteiam, em lugar da solidariedade, do instinto coletivo e da camaradagem. Como mudaremos isso?


.Vitor
(Banda ForFun)



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